A Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) realizou nesta quinta-feira (22), audiência pública para discutir a confecção de faixas exclusivas para motos, a criação de um espaço para manobras de motociclistas no autódromo do Parque Novo Mato Grosso, a proibição da soltura de pipas em perímetro urbano e a colocação de tags (chip eletrônico) em pedágios para motociclistas das rodovias de Mato Grosso.
O objetivo da audiência foi discutir e debater, além de políticas públicas para incentivo e proteção de motociclistas, estratégias e justificativas para a criação de um projeto de lei que atenda as reivindicações da classe.
O deputado Wilson Santos (PSD), autor do requerimento do evento em coautoria com os deputados Eduardo Botelho (União), Faissal Calil (Cidadania) e Gilberto Cattani (PL), afirmou que a Assembleia Legislativa de Mato Grosso está à disposição da categoria e fará o que puder na elaboração de uma legislação para ajudar os motociclistas.
“A faixa azul é uma realidade em São Paulo e em outros estados mais desenvolvidos e pode sim ser implantada aqui em Mato Grosso, basta ter uma ação em conjunto entre o estado e a prefeitura. Mas além da faixa azul, nós temos outras reivindicações, como por exemplo, a utilização do autódromo do Parque Novo Mato Grosso para o lazer desses motociclistas com uma pista para manobras”, enfatizou Wilson.
De acordo com o Faissal (Cidadania) a audiência pública foi realizada justamente para ouvir as associações de motociclistas e de motoclubes acerca do assunto.
“Hoje ouvimos especialistas, a sociedade e, principalmente, os motociclistas. A gente sabe que o veículo sobre duas rodas vem crescendo a cada ano em razão de sua agilidade. Nós tivemos uma pandemia recente, onde motoqueiros e entregadores fizeram o seu trabalho entregando alimentos, remédios sem a gente precisar sair de casa. Isso não pode ser esquecido”, lembrou o deputado.
“Com esse crescimento nas ruas, a moto se tornou um veículo perigoso. Então, os acidentes acontecem, os hospitais ficam abarrotados, o poder público acaba gastando com internações e cirurgias. Se tiver uma faixa exclusiva dará fluidez no trânsito e reduzirá os números de acidentes com motociclistas”, concluiu Faissal.
De acordo com o presidente da Associação dos Entregadores por Aplicativos de Cuiabá, João Gabriel Patriota Muniz, hoje a capital cuiabana tem cerca de 6 mil entregadores cadastrados e o número de acidentes tem aumento a cada dia junto a esse público.
“O transporte por meio de motociclistas virou um serviço necessário, não só aqui, mas, nas grandes capitais brasileiras, e estão se multiplicando. Em todo o Brasil são milhões de motocicletas. Em Cuiabá, centenas de trabalhadores utilizam a motocicleta para a entrega do lanche, para o transporte de passageiros. Precisamos da faixa azul, um corredor exclusivo para esse tipo de transporte e com isso reduzir a zero os acidentes. Alguns estados já aderiram a pista exclusiva para os motociclistas”, destacou Muniz .
Itagene Júnior é presidente da Associação e Moto Clube Mato Grosso Oficial. Ele falou sobre a importância da discussão e de uma lei para dar mais segurança e condições de trabalho aos motociclistas.
“O motociclismo, a cada dia, avança em várias áreas ,desde a competição como esporte até aos que trabalham no dia a dia. Então, estamos apresentando alguns itens aos deputados como a cobrança na conclusão do autódromo em Cuiabá, um espaço de manobras dentro do Parque Novo Mato Grosso, a tag para os motociclistas nas praças de pedágios, porque a gente faz passeios de moto que conta com 300, 400 motos subindo a Serra de São Vicente ou indo para Jangada, onde termina ‘travado’ ali no pedágio, além da implantação da faixa azul nas principais avenidas de Cuiabá”, disse Itagene.
O tenente-coronel Wesmensandro Auto Rodrigues, que é comandante do Raio – Grupo de Motos da Policia Militar de Mato Grosso, falou que o grupo tem hoje 40 motos que prestam um trabalho rápido, e fazem muita diferença, principalmente no caso de urgência.
“O uso de motocicletas para atividade de trabalho, de lazer, de esporte, enfim, aumentou muito. A PM também foi obrigada a se adequar e trouxe o [Grupo de Motos] Raio, assim como têm os batedores do Batalhão Militar de Trânsito, nós temos grupos grandes de motociclistas que apoiam socialmente e têm trazido bastante resultado, seja com prisões de delinquentes, que a gente consegue acessar mais rapidamente junto àqueles que se utilizam da motocicleta para cometer crime, e consegue dar mais suporte, mais segurança”, contou o tenente-coronel.
“Nós entendemos que tendo um espaço, por exemplo, em que o motociclista possa praticar o esporte, reduz bastante a possibilidade de ele ficar fazendo alguma manobra arriscada dentro das vias públicas. E isso certamente diminui a questão das prisões, diminui a questão de multas a essas pessoas. A faixa azul também é muito importante, pois temos experiências Brasil a dentro de que certamente pode reduzir bastante o nível de acidente, além de contribuir para melhorar a mobilidade urbana, pois liberariam espaço nas demais faixas para os veículos maiores, como carros, ônibus e caminhões. Isso reduziria o tempo de viagem e o consumo”, concluiu o comandante do Raio.(ALMT/Rosangela Milles)