A relação entre tempo dedicado ao trabalho e geração de riquezas é um tema cada vez mais debatido na era moderna. O cenário de profissionais competentes, produtivos, mas sobrecarregados e sem tempo para si – reflete um paradigma antigo: a crença de que trabalhar mais horas necessariamente leva a melhores resultados e maior geração de riqueza. No entanto, estudos recentes têm demonstrado que essa equação não é tão simples, nem eficiente.
De acordo com estudos da neurociência e da produtividade, o cérebro humano tem limites claros de desempenho. Pesquisas da American Psychological Association mostram que a produtividade cai significativamente após 40 horas de trabalho por semana, e jornadas excessivas levam a decisões menos eficazes, criatividade reduzida e exaustão mental e física. Trabalhar de forma constante em um ciclo de “apagar incêndios” cria um ambiente de estresse crônico, que diminui a capacidade cognitiva e aumenta os riscos de doenças relacionadas ao esgotamento, como a Síndrome de Burnout.
Além disso, a Lei de Parkinson, cunhada pelo historiador Cyril Northcote Parkinson, estabelece que o trabalho se expande para preencher o tempo disponível para sua execução. Em outras palavras, quanto mais horas dedicamos sem um gerenciamento claro de prioridades e pausas, menos eficiente se torna o processo de trabalho. Sem se dar conta, podemos estar presa a um ciclo de alta ocupação, mas baixa produtividade relativa, em que o tempo se torna um recurso mal utilizado.
As novas descobertas científicas enfatizam a importância de trabalhar com inteligência, não apenas com intensidade. Métodos como o Pareto Principle (Regra 80/20), que sugere que 80% dos resultados vêm de 20% dos esforços, e o Time Blocking, utilizado por profissionais de alta performance como Elon Musk, demonstram como o foco e o planejamento podem gerar resultados exponenciais em menos tempo. A riqueza, nesse sentido, não é apenas financeira, mas também de qualidade de vida e tempo livre – o que, paradoxalmente, pode estimular ainda mais a produtividade e criatividade.
Por outro lado, investir no próprio tempo é essencial para gerar riquezas sustentáveis. O Global Happiness Policy Report (2018) mostrou que profissionais equilibrados, que dedicam tempo para lazer, sono adequado e aprendizado contínuo, têm maior desempenho e lucratividade a longo prazo. Isso ocorre porque momentos de descanso e desconexão são fundamentais para a criatividade e solução de problemas complexos, habilidades diretamente ligadas à inovação e sucesso profissional.
Assim, a ciência moderna sugere que o caminho para gerar riquezas não é através do trabalho excessivo, mas sim pela gestão estratégica do tempo. Redefinir prioridades, utilizar métodos comprovados de produtividade e investir no equilíbrio entre vida pessoal e profissional podem ser a chave para transformar horas trabalhadas em resultados mais eficazes e sustentáveis. Um profissional, com toda sua competência, poderia alcançar ainda mais sucesso se substituísse a lógica do “sempre ocupado” por uma gestão consciente e planejada do seu tempo e energia.
Como afirma o pesquisador Cal Newport, no livro Trabalho Focado (Deep Work): “Não é a quantidade de horas que determina o sucesso, mas a profundidade e qualidade do trabalho realizado.”
Valdiney de Arruda é MBA em ESG (Environmental, Social, and Governance), especialista em Políticas Públicas e Questão Ambiental, e Auditor-Fiscal (AFT) do Ministério do Trabalho.