Força-tarefa da Polícia Civil reforça ofensiva contra o crime organizado no interior do estado
Eraldo de Freitas
Da Redação
A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou, na manhã desta segunda-feira (28), a quarta fase da Operação Circe, em Ponte Branca, a 500 km da capital Cuiabá. A ação visa desmantelar o comando do tráfico de drogas local, que se reorganizou após a prisão de antigos líderes. A ofensiva policial, coordenada pelo delegado Marcos Paulo, mobilizou 15 agentes e quatro viaturas para o cumprimento de seis ordens judiciais de busca, apreensão e quebra de sigilo de dados, expedidas pela 1ª Vara Criminal da Comarca de Alto Araguaia.
Desde o ano passado, Ponte Branca tornou-se palco de intensas operações contra o tráfico. A primeira fase da Circe resultou na prisão de uma mulher considerada a principal chefe do tráfico, além de seu marido, integrante de uma facção criminosa. Ambos foram condenados a mais de 10 anos de reclusão. Contudo, o espaço vazio deixado por suas prisões foi rapidamente ocupado por membros de sua própria família, gerando novas investigações e culminando em sucessivas ações da Polícia Civil.
A mais recente fase da Operação Circe focou em três indivíduos apontados como os novos líderes da atividade criminosa na cidade. Durante a operação, os policiais apreenderam aparelhos celulares e uma porção de maconha em um dos alvos. As investigações apontam que os suspeitos mantinham conexões com organizações criminosas atuantes na região sudeste do estado, evidenciando a complexidade e a resiliência das redes de tráfico mesmo após reiteradas ações policiais.
Segundo o delegado Marcos Paulo, as investigações continuam em andamento e novas operações serão deflagradas sempre que necessário. “Nosso objetivo é restabelecer a tranquilidade da população e desarticular completamente qualquer estrutura criminosa instalada em Ponte Branca. Não mediremos esforços para isso”, afirmou o delegado. A Polícia Civil também reiterou seu compromisso com a segurança pública, frisando a necessidade de ações contínuas para conter o avanço do tráfico em cidades menores.
O nome da operação, Circe, faz referência à feiticeira da mitologia grega conhecida por transformar homens em animais por meio de poções mágicas, numa alusão simbólica à degradação humana provocada pelas drogas. Esta escolha reforça o impacto destrutivo do tráfico tanto sobre os usuários quanto sobre a comunidade como um todo, transformando o cotidiano das cidades em ambientes marcados pela violência e pela exclusão social.
De acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, Mato Grosso registrou um aumento de 7,8% nos casos de tráfico de drogas em relação ao ano anterior. No estado, foram contabilizadas 5.480 ocorrências, enquanto no país o número ultrapassou 200 mil registros. A interiorização do tráfico, especialmente em municípios pequenos como Ponte Branca, é apontada por especialistas como uma das maiores ameaças à segurança pública nos próximos anos.
