Mesmo autorizado há mais de um mês, o plantio da soja segue muito lento em Mato Grosso. A desvalorização do grão também preocupa e reflete no ritmo das vendas antecipadas do grão. Até agora 33% da produção prevista foram negociados, contra 39% na média dos últimos cinco anos para o período.
Além da falta de umidade para o cultivo com segurança, a baixa rentabilidade dos últimos anos e alto custo de produção mantêm os agricultores cautelosos.
Em Diamantino, região centro-sul do estado, o gerente de produção Alceu Cavalheiro, conta que nessas situações climáticas, colocar a soja para germinar ela pode cozinhar. “Tem que esperar a umidade de uma chuva de pelo menos 40 milímetros e ter uma sequência de chuva, em seguida”.
Para tentar evitar um atraso maior na janela do algodão, que deve ocupar seis mil hectares na segunda safra, a estratégia adotada na propriedade foi trocar partes das sementes compradas de 110 dias, por cultivares de ciclos mais precoces.
“A janela do algodão, pede isso. Tem que ter a data certa de plantio e é uma janela muito curta então, quanto mais o tempo passa, mais mudam as variedades. Agora a tomada de decisão precisa ser rápida”, diz Alceu.
A família Konageski, pretende cultivar, aproximadamente, 10 mil hectares de soja em duas propriedades na região.
“Na safra passada já deu seca. Nós que plantamos mais da metade das terras de soja precoce, em 50 dias chegou a dar mais da metade dos talhões do que iremos colher. Estamos trabalhando no vermelho e os custos da lavoura subiram muito e o preço da nossa soja e do algodão, foi lá embaixo.”, diz o agricultor Pedro Konageski.
Diamantino foi um dos municípios mais atingidos pela estiagem no ano passado. O presidente do Sindicato Rural da região, Altemar Kroling, conta que em muitas áreas os agricultores não plantaram soja e foram direto para o algodão no ciclo passado.
A soja na região deve ocupar uma área de 420 mil hectares, nesta safra.
“Essas áreas que não foram plantadas, impactaram na média. Agora é um ano que não podemos errar.O preço está abaixo das médias que vendemos a uns anos atrás. O produtor tá com cautela e a conta não fecha”, explica.
Na avaliação do presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Beber, os preços preocupam e a demanda chinesa nos últimos anos, não está crescendo.
“Por outro lado, tivemos nos últimos seis anos um incremento de mais de três milhões de hectares dentro do estado, na produção de soja. E nas últimas três safras tivemos um incremento médio de 200 mil hectares e isso mostra que a oferta e a produtividade aos poucos, vai se ajustando. Até porque se ofertar demais, a produtividade diminui”, pontua Beber.(Canal Rural/Pedro Silvestre/Ana Moura)