Aumento de temperatura, derretimento de geleiras e degradação ambiental se tornaram os grandes vilões da saúde mundial. Segundo um estudo da Organização Mundial da Saúde, as mudanças climáticas são responsáveis por tirar a vida de cerca de 13 milhões de pessoas por ano, e esse número tende a aumentar entre 2030 e 2050.
As mudanças climáticas, causadas pelo aumento da temperatura global, são responsáveis pelas transformações nos padrões do clima. Entre os principais fatores que podem influenciar a saúde humana estão os extremos de temperatura e umidade. Ondas de calor e frio, por exemplo, podem ficar mais intensas e afetar diversos sistemas do nosso organismo.
O calor extremo pode causar desidratação, insolação e até problemas cardíacos em pessoas mais frágeis. Além disso, a degradação ambiental, como o desmatamento e a poluição, aumenta a proliferação de doenças transmitidas por insetos, como dengue e malária, porque os mosquitos encontram condições mais favoráveis para se multiplicar. (médico nutrólogo, Marcos Pontes.)
O especialista afirma que o calor também pode favorecer a contaminação de alimentos e água, o que pode aumentar casos de diarreia e intoxicação alimentar. Outro fator agravante é a qualidade do ar, que, segundo Pontes, piora com a poluição e as queimadas, levando a problemas respiratórios e alergias.
As temperaturas mais baixas favorecem a disseminação dos vírus causadores de infecções como gripe, resfriado e Covid-19. Crianças, idosos, gestantes e pessoas com doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, são os mais vulneráveis, pois seus corpos têm mais dificuldade em lidar com o calor extremo e com infecções.
Desastres naturais
Os desastres naturais aparecem de maneira cada vez mais frequente e intensa, gerando impacto em todo o ecossistema. Ciclones, secas, deslizamento de terra e enchentes resultam no aumento de mortes por leptospirose, doenças infecciosas, além de pandemias.
Segundo a OMS, entre 2030 e 2050, as mudanças climáticas podem causar cerca de 250 mil mortes adicionais por ano por desnutrição, malária, diarreia e estresse térmico.
Na África, a seca que ocorreu em 2024 em alguns países gerou insegurança alimentar, desnutrição, escassez de água e até surtos de doenças. As enchentes no sul do Brasil deixaram sequelas na população. Além do número de mortes pela tragédia, o Rio Grande do Sul teve registros de casos de leptospirose, dengue, hepatite, tétano e diarreias.
Para combater esses desastres e as doenças, Pontes destaca que os governos precisam investir em políticas públicas para melhorar o saneamento básico, monitorar doenças relacionadas ao clima e investir na infraestrutura hospitalar. Ele também ressalta que o ser humano precisa fazer a sua parte para melhorar o cenário dos próximos anos.
“Cada um pode contribuir com ações simples para proteger o meio ambiente, como reciclar, economizar água e energia, e apoiar iniciativas que reduzam a poluição. É um trabalho em conjunto.”
Debate internacional sobre mudanças climáticas
Desde 1995, representantes de todos os países se reúnem para encontrar uma alternativa para conter o aquecimento global e as mudanças climáticas. A COP (Conferência das Partes) é o principal fórum internacional para negociações climáticas.
Para a OMS (Organização Mundial da Saúde), o combate aos desafios é pautado em torno de três objetivos principais:
Redução das emissões de carbono e do uso de combustíveis fósseis a partir da transição energética e da bioeconomia;
Construção de sistemas de saúde mais sustentáveis;
Proteção da saúde populacional por meio de análises de vulnerabilidade, desenvolvimento de planos de ação e sistemas responsáveis por monitoramento de riscos.
O Brasil sediará a 30ª edição da COP em 2025, pela primeira vez, em um evento em Belém (PA). Entre os principais temas que serão discutidos, estão a redução de emissões de gases de efeito estufa, a adaptação às mudanças climáticas, o financiamento climático para países em desenvolvimento e a preservação de florestas e biodiversidade.(R7/Iasmim Albuquerque)