Agentes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), encontraram antas e veados mortos, nessa sexta-feira (16), em meio à seca severa e aos incêndios que atingem o Pantanal.
De acordo com o comandante de incidente de fauna do Icmbio, Érico Kauno, a maioria das espécies encontradas mortas são jacarés, serpentes, lagartos, antas, veados e tatus.
O órgão tem atuado no monitoramento da fauna silvestre atingida. Os agentes vão até as áreas afetadas em busca de animais mortos ou feridos que precisem ser resgatados.
Érico explicou que caso os agentes encontrem algum animal ferido, eles solicitam apoio da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema-MT), para que seja feito o resgate. Em seguida, os animais são levados para locais especializados no cuidado e na reabilitação.
Ainda de acordo com o comandante, nem todos os animais morreram queimados, mas sim pelo efeito do fogo.
Fauna atingida
Vídeos registrados pela equipe do Grupo de Resposta a Animais em Desastres (GRAD) mostram uma anta atolada dentro de uma poça de lama.
De acordo com o médico veterinário Enderson Barreto, os animais que estão em busca de água acabam atolando e não conseguem sair sozinhos.
Ele explicou que a ausência de água e a vegetação seca ocasionam a desidratação e a desnutrição dos animais, já que eles não conseguem encontrar alimento.
Para Enderson, que está acompanhando o caso de perto, a situação atual é crítica e tem levado à escassez extrema de recursos hídricos, colocando em risco a sobrevivência da fauna local.
Queimadas no Pantanal
A maior planície alagada do mundo está se transformando em um lugar cada vez mais seco e inflamável. Quase 60% do Pantanal já foram atingidos pelo fogo nos últimos 38 anos e é o bioma mais castigado pelas queimadas em todo o Brasil. Um estudo do Mapbiomas mostra como a área coberta de água vem diminuindo desde 1985. Em 2023, a área alagada ficou 61% abaixo da média histórica.
Em números, a Amazônia é o bioma que tem maior área em Mato Grosso. No entanto, especialistas afirmam que o bioma mais crítico é o Pantanal, pois as queimadas na área são difíceis de serem combatidas e se espalham muito rápido, podendo queimar uma grande área em pouco tempo.
A seca aumenta os fatores que tornam os incêndios mais severos. No Pantanal, os focos de fogo se aproximam dos vistos em 2020, quando a queimada bateu recordes históricos. Enquanto isso, o Brasil bate o recorde de focos para o período dos últimos dez anos.
Com o alto índice de queimadas, Mato Grosso teve, de janeiro até junho, mais de 607,8 mil hectares de área atingida, segundo uma análise feita pelo Instituto Centro de Vida (ICV) com base nas pesquisas da Administração Nacional dos Estados Unidos de Aeronáutica e Espaço (Nasa).(G1)