“Dois suspeitos detidos no São Matheus com 93 porções de maconha e ações vinculadas à facção Comando Vermelho…”
Eraldo de Freitas
Da Editoria
Na tarde desta quarta-feira (19/11), às 18h28, no bairro São Matheus, em Várzea Grande (MT), a equipe FT 90, com apoio da FT 20, em operação integrada da Polícia Militar de Mato Grosso sob o 2.º Comando Regional, prendeu dois homens — com as iniciais J.E.F.V.C., 28 anos, e G.A.D.S.V., 22 anos — por tráfico ilícito de drogas, em cumprimento de mandado no âmbito da operação “Rede de Enfrentamento às Facções Criminosas – Tolerância Zero”. Durante a abordagem na Rua G, o primeiro suspeito, ao avistar a viatura, descartou objetos no solo e fugiu a pé; na sequência, a equipe encontrou três porções de substância análoga à maconha, procedeu à diligência até sua residência, onde localizou 31 porções da mesma natureza. A investigação levou à residência de um segundo endereço, no qual o suspeito José Elias confessou atuar a mando da facção “Comando Vermelho” e entregou onde estavam enterradas ou armazenadas 59 porções adicionais, além de balança de precisão e R$ 120 em espécie — enquanto um terceiro envolvido, apelidado “Grandão”, permanece foragido.
A ação evidencia a mobilização preventiva do aparato policial na região metropolitana de Cuiabá/Várzea Grande, ao integrar patrulhamento, inteligência e cumprimento de mandado em nicho periférico vulnerável. O momento-chave se deu com o movimento suspeito captado pela guarnição: o indivíduo que descartou objetos ao solo e empreendeu fuga alertou para a possibilidade de carga pronta para distribuição. A apreensão, então, foi situada nas imediações da Rua G, no São Matheus, local caracterizado por seu acesso rodoviário de menor visibilidade e vulnerável à atuação de redes de tráfico que utilizam veículos e rotas alternativas.
Durante a operação, foram contabilizadas 93 porções de substância análoga à maconha e três de substância análoga à cocaína — além de dois aparelhos celulares (marca Infinix e Samsung), várias embalagens tipo zip-lock, um rolo de plástico filme, balança de precisão e R$ 530 em espécie. Os suspeitos foram apresentados sem lesões corporais à Central de Flagrantes, com uso de algemas por receio de fuga. A conduta relatada por J.E.F.V.C e G.A.D.S.V. atribui-se a atuação sob o comando da facção Comando Vermelho, com fornecimento declarado de parte das substâncias pelo indivíduo apelidado “Neguinho”, residente no bairro Mapim — também objeto de processo investigativo. O terceiro indivíduo foragido, apelidado “Grandão”, não foi localizado no momento.
A escolha da Rua G, no bairro São Matheus, ressalta o padrão observado por operadores de segurança: vias de menor tráfego, proximidade com acessos rodoviários e ausência de forte vigilância consolidada tornam-se pontos estratégicos para o armazenamento, manobra e distribuição de entorpecentes. Nesse contexto, a ação da Polícia Militar demonstra ação reativa e preventiva, ao atingir tanto a ponta da rede com revendedores locais quanto a interlocução com fornecedores intermediários. O modus operandi — descarte rápido, fuga a pé, armazenamento no quintal e subterrâneo de residência — é típico de redes que buscam reduzir exposição e maximizar agilidade.
Especialistas em segurança pública que acompanham o padrão das facções afirmam que essas operações, embora de escala relativamente pequena, compõem o que se considera “nivelamento inferior” da cadeia de distribuição de drogas, atuando como elo entre atacadistas e “bocas de fumo”. A fragmentação das cargas e a multiplicação de pontos de pronto-venda favorecem o controle territorial e a rápida troca de produtos. A atuação da Comando Vermelho no interior do estado de Mato Grosso cresce conforme o deslocamento de rotas de entorpecentes para o Centro-Oeste, o que exige articulação entre esfera municipal, estadual e federal.
Para quantificar a magnitude enquanto tráfego doméstico, segundo relatório da United Nations Office on Drugs and Crime (UNODC), o Brasil é rota privilegiada para a cocaína produzida na América do Sul, e os padrões de apreensão evidenciam que cargas menores — como a detectada nesta ação — ainda compõem relevante fração das operações de interrupção. No âmbito das prisões por tráfico, um estudo recente constatou que o Brasil reservava cerca de 27% de sua população carcerária para acusações ligadas ao tráfico de drogas.
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