Os dados do celular pertencente ao advogado Roberto Zampieri, executado em dezembro último, revelaram uma relação de proximidade com o desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), Sebastião de Moraes Filho. Em meio a conversas, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) identificou, entre outras coisas, o advogado enviando foto de duas barras de ouro de 500 gramas ao desembargador.
As fotos foram encaminhadas após uma conversa entre os dois, na qual o desembargador teria se mostrado insatisfeito com Zampieri por não comparecer ao escritório do magistrado em uma ocasião anterior. A foto teria sido encaminhada no dia 15 de outubro.
“A partir deste dia, inicia-se uma sequência de diálogos entre os interlocutores que reforçam as suspeitas de que o falecido advogado, de fato, oferecia vantagens indevidas ao magistrado”, diz trecho da decisão.
Ainda de acordo com a reportagem, o documento do CNJ aponta que o desembargador teria passado a procurar o advogado com insistência, indicando que talvez quisesse tratar de assuntos de seu interesse e não de Zampieri.
O CNJ pontua que as conversas entre os dois juristas sugerem fortemente um cenário de gravíssimo comprometimento da imparcialidade, integridade e independência do magistrado, inclusive com possível recebimento de vantagens indevidas, em seu favor e de familiares.
ZAMPIERI
O advogado Roberto Zampieri foi assassinado a tiros em dezembro do ano passado, dentro do carro, em frente ao seu escritório. As investigações apontam que o jurista foi assassinado por causa de uma disputa de terra em que ele atuava. São apontados por suposto envolvimento no crime o coronel reformado do Exército Brasileiro, Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas (financiador do crime), Antônio Gomes da Silva (atirador) e Hedilerson Fialho Martins Barbosa (dono da arma).
No dia 1º deste mês, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) afastou os desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho por suposto esquema de venda de sentença. Eles mantinham amizade com o advogado e são suspeitos de receberem vantagens indevidas para atuar em processos de Zampieri ou em outros de interesse do advogado.(Estadão Mato Grosso)