Eraldo de Freitas
São Paulo, 17 de agosto de 2024 – O Brasil se despede de um de seus maiores ícones da comunicação e do empreendedorismo. Silvio Santos, que por décadas foi a voz e a imagem das tardes de domingo, faleceu hoje aos 93 anos. Internado desde o início de agosto no hospital Albert Einstein, em São Paulo, o falecimento do apresentador foi confirmado pela emissora que ele próprio fundou, o SBT.
Nascido Senor Abravanel em 12 de dezembro de 1930, no Rio de Janeiro, Silvio Santos construiu uma carreira ímpar na televisão brasileira, marcada por sua capacidade de se conectar com o público e por sua visão empresarial aguçada. Filho de imigrantes – um pai grego e uma mãe judia – e o segundo de seis irmãos, ele começou a trabalhar ainda jovem como vendedor ambulante nas ruas do Rio. Aos 14 anos, começou a vender carteiras plásticas para títulos de eleitor, produto muito procurado na época devido ao recente retorno à democracia no Brasil.
Apesar das dificuldades que enfrentou como camelô, Silvio Santos nunca desistiu. Seu talento para o comércio era acompanhado por uma habilidade natural para entreter as pessoas, o que chamou a atenção de um diretor da prefeitura do Rio, que o recomendou para um concurso de locutores. Embora tenha vencido o concurso, Silvio voltou às ruas, onde acreditava poder ganhar mais dinheiro. Esse retorno, porém, não duraria muito. O jovem vendedor logo percebeu que sua verdadeira vocação era a comunicação.
Após cumprir o serviço militar, Silvio Santos decidiu investir de vez na carreira de comunicador. Ele começou a trabalhar em rádios do Rio de Janeiro e, mais tarde, em São Paulo, onde adotou o nome artístico que o tornaria famoso em todo o Brasil. Em 1958, Silvio Santos se tornou sócio do Baú da Felicidade, um negócio que ele transformaria em uma das maiores empresas de capitalização do país. Três anos depois, comprou a participação do sócio e passou a controlar completamente o negócio.
A entrada de Silvio Santos na televisão aconteceu nos anos 1960, quando ele começou a apresentar programas de auditório que logo se tornaram um sucesso. Seu carisma e sua capacidade de se reinventar diante das câmeras o tornaram um dos apresentadores mais queridos do Brasil. Em 1981, após adquirir concessões de canais de televisão, Silvio fundou o SBT, uma emissora que se consolidou como uma das principais do país, rivalizando com a Rede Globo em audiência e popularidade.
Ao longo de sua vida, Silvio Santos não se limitou à televisão. Ele foi um empresário visionário, sempre à frente de seu tempo, com investimentos em diversas áreas, desde a mídia até o setor financeiro. Sua tentativa de se candidatar à presidência do Brasil em 1989 foi um reflexo de sua ambição de influenciar ainda mais a sociedade brasileira, embora sua candidatura tenha sido barrada por problemas partidários.
A contribuição de Silvio Santos para a televisão brasileira é inegável. Ele transformou o modo como os brasileiros assistem à TV e como as emissoras produzem conteúdo. Sua morte deixa um vazio na mídia brasileira, mas seu legado continuará a inspirar futuros comunicadores e empresários. Silvio Santos deixa seis filhas, nove netos e um império que, mesmo após sua partida, seguirá moldando a cultura e os negócios do Brasil.